Perfil ambiental da produção de leite orgânico no sudeste do Brasil
Publicado: 28/01/2025 - 11:18
Última modificação: 28/01/2025 - 11:18
Convidamos a todos para a Defesa da Dissertação de Mestrado da discente do nosso programa, Ana Flávia de Paula Pereira.
A defesa pública ocorrerá no dia 04/02/2025 às 09h00, por videoconferência. Acesse o link:
Será apresentado o trabalho com título: Perfil ambiental da produção de leite orgânico no Sudeste do Brasil.
Resumo:
Nos últimos anos, houve maior demanda por informações sobre o impacto ambiental dos
sistemas de produção de leite. Diante dessa realidade, o mercado de leite orgânico tem
crescido globalmente, configurando-se como uma alternativa de sistemas de produção mais
sustentáveis. Para avaliar o impacto ambiental dos sistemas de produção, a metodologia de
Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) foi adaptada para quantificar as emissões de fazendas
produtoras de leite, tanto convencionais quanto orgânicas, e comparar esses sistemas,
elucidando dados de sustentabilidade do setor. No presente trabalho, utilizou-se a
metodologia ACV para caracterizar sistemas de produção de leite orgânico no sudeste do Brasil
e determinar o impacto ambiental de 11 unidades de produção orgânicas (UPOs), localizadas
em São Paulo (8), Minas Gerais (2) e Rio de Janeiro (1). As fazendas avaliadas são parceiras do
Projeto Observatório de Leite Orgânico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA). As categorias de impacto ambiental determinadas neste estudo foram: potencial
de mudança climática, eutrofização, acidificação e uso da terra. No potencial de mudança
climática, os resultados obtidos foram de 1,408 (0,933 a 3,418) Kg de equivalentes de dióxido
de carbono (CO₂ eq)/Kg de leite corrigido para gordura e proteína (FPCM), com as emissões de
metano entérico (75,5%) como principal contribuinte, seguido pela produção de alimentos
externos às fazendas (11,3%) e o manejo de dejetos (8,7%). Para o potencial de eutrofização de
água, os valores encontrados foram de 1,13 (0,02 a 1,76) g fosfato equivalente (PO₄ eq)/Kg
FPCM, influenciados principalmente pelo manejo de lavouras. Já no potencial de acidificação,
os valores foram de 0,35 (0,01 a 1,05) g de equivalentes de dióxido de enxofre (SO₂ eq)/Kg
FPCM, com os principais contribuintes sendo o manejo de dejetos e a produção de alimentos.
Na categoria de uso da terra, os valores foram de 3,05 (0,73 a 15,7) m²/Kg FPCM. As UPOs com
menor produção por animal apresentaram piores resultados nas categorias de impacto
ambiental. Quando comparados com dados de fazendas convencionais, os sistemas orgânicos
obtiveram resultados similares ou até maiores, questionando sua eficiência em aumentar a
sustentabilidade. Contudo, a intensificação e aumento de produtividade mostraram potencial
para reduzir os impactos ambientais.
Abstract:
In recent years, there has been an increased demand for information about the environmental
impact of milk production systems. Given this reality, the organic milk market has grown
globally, emerging as an alternative to more sustainable production systems. To evaluate the
environmental impact of production systems, the Life Cycle Assessment (LCA) methodology
was adapted to quantify emissions from dairy farms, both conventional and organic, and to
compare these systems, elucidating sustainability data for the sector. In the present study, the
LCA methodology was used to characterize organic milk production systems in southeastern
Brazil and determine the environmental impact of 11 organic production units (OPUs), located
in São Paulo (8), Minas Gerais (2), and Rio de Janeiro (1). The evaluated farms are partners of
the Organic Milk Observatory Project of the Brazilian Agricultural Research Corporation
(EMBRAPA). The environmental impact categories determined in this study were: climate
change potential, eutrophication, acidification, and land use. In terms of climate change
potential, the results obtained were 1.408 (0.933 to 3.418) Kg of carbon dioxide equivalents
(CO₂ eq)/Kg of fat and protein corrected milk (FPCM), with enteric methane emissions being
the main contributor (75.5%), followed by off-farm feed production (11.3%) and manure
management (8.7%). For water eutrophication potential, the values found were 1.13 (0.02 to
1.76) g phosphate equivalent (PO₄ eq)/Kg FPCM, mainly influenced by crop management. In
terms of acidification potential, the values were 0.35 (0.01 to 1.05) g of sulfur dioxide
equivalents (SO₂ eq)/Kg FPCM, with the main contributors being manure management and
feed production. In the land use category, the values were 3.05 (0.73 to 15.7) m²/Kg FPCM.
OPUs with lower production per animal showed worse results in the environmental impact
categories. When compared to data from conventional farms, organic systems obtained similar
or even higher results, questioning their efficiency in increasing sustainability. However,
intensification and increased productivity showed potential to reduce environmental impacts.