Convidamos a todos para a Defesa da Dissertação de Mestrado da discente do nosso programa, Carolyne Ferreira Dumont.

A defesa pública ocorrerá no dia 28/01/2025 às 14h00, por videoconferência. Acesse o link:  https://meet.google.com/aht-ptsz-xkc

Será apresentado o trabalho com título: MONITORAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE Vibrio cholerae NAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETEs) DE UBERLÂNDIA - MG.

Resumo:
A cólera é uma doença infecciosa aguda provocada pela bactéria Vibrio cholerae, transmitida
principalmente por meio de água ou alimentos contaminados. Nesse contexto, a epidemiologia
baseada em esgoto se destaca como uma ferramenta eficaz para o monitoramento de
patógenos, auxiliando na identificação de riscos em sistemas de saneamento. Este estudo
analisou a presença de V. cholerae em esgoto em Uberlândia (MG), as amostras foram coletadas
pelo período de um ano, pré e após o tratamento do esgoto. As amostras foram caracterizadas
quanto a identificação bioquímica, ao perfil genético, à virulência, à resistência antimicrobiana
e a capacidade de formação de biofilmes. Foram realizadas 77 coletas, sendo 20 na ETE
Aclimação e 19 em cada uma das demais (ETE Uberabinha, ETE Ipanema e ETE Marielza). A
análise de duas a três colônias suspeitas por amostra resultou no isolamento de 334 cepas típicas
com colônias amarelas ou azul-esverdeadas em ágar TCBS. Destas, 129 foram identificadas como
Vibrio spp., com base em características morfológicas de bacilos curvados Gram-negativos,
crescimento em meio contendo 1% de NaCl, reação oxidase positiva, fermentação de glicose,
redução de nitrato, produção de H₂S, descarboxilação de lisina e liquefação de gelatina. As 129
amostras foram testadas para os genes: ompW, rfb, tcp, tox, ompU, zot, ace, rtx, hlyA, ctxAB. Ao
todo 75 amostras testaram positivo para ompW, de modo a confirmar genotipicamente a
presença de V. cholerae. 18 amostras testaram positivo para ctxAB, porém nenhuma amostra
testou positivo para rfb e tcp, estes são considerados os principais marcadores para a
identificação de cepas V. cholerae O1. Em relação aos genes de virulência, 75 amostras (52 pré-
tratamento e 23 pós-tratamento) apresentaram o gene tox; 25 amostras (15 antes e 10 depois)
mostraram presença do gene ompU; 70 amostras (48 antes e 22 após) foram positivas para rtx;
e 74 amostras (52 antes e 22 depois) para hlyA. Não houve detecção dos genes zot e ace. Das 73
cepas testadas, 47 foram avaliadas quanto ao perfil de resistência antimicrobiana, ampicilina foi
o antibiótico com a maior resistência (55,32% - 26/47), seguido de azitromicina que apresentou
resistência (40,43% - 19/47). Outros antibióticos como gentamicina (14/47 - 29,79%),
Sulfonamida (15/47 - 31,91%) e Doxiciclina, (7/47 - 14,89%) apresentaram menores taxas de
resistência. Todas as cepas foram sensíveis ao Meropenem. Quanto à formação de biofilme,
36,17% (17/47) das amostras foram consideradas forte formadoras de biofilme. De modo geral,
número de amostras positivas para os genes diminuiu de forma significativa após o tratamento,
sugerindo uma possível eficácia do tratamento em reduzir a presença de genes de virulência nas
amostras. Esses achados enfatizam a importância da vigilância epidemiológica, além de fornecer
informações cruciais para o controle de infecções e a gestão da resistência antimicrobiana.

Abstract:
Cholera is an acute infectious disease caused by the bacterium Vibrio cholerae, primarily
transmitted through contaminated water or food. In this context, sewage-based epidemiology
stands out as an effective tool for pathogen monitoring, assisting in identifying risks in sanitation
systems. This study analyzed the presence of V. cholerae in sewage in Uberlândia (MG), with
samples collected over a one-year period, both before and after sewage treatment. The samples
were characterized in terms of biochemical identification, genetic profile, virulence,
antimicrobial resistance, and biofilm-forming capacity. A total of 130 saccharose-positive
samples were isolated and identified through biochemical tests. The predominant species
identified was V. cholerae (57.69% - 75/130), followed by V. vulnificus (18.46% - 24/130), V.
parahaemolyticus (14.62% - 19/130), V. alginolyticus (5.38% - 7/130), with 3.8% of the samples
unidentified. The 130 samples were tested for the genes: ompW, rfb, tcp, tox, ompU, zot, ace,
rtx, hlyA, and ctxAB. A total of 73 samples tested positive for ompW, confirming the presence of
V. cholerae genotypically. Eighteen samples tested positive for ctxAB, but none tested positive
for rfb and tcp, which are considered the main markers for identifying V. cholerae O1 strains.
Regarding virulence genes, 75 samples (52 pre-treatment and 23 post-treatment) were positive
for the tox gene; 25 samples (15 before and 10 after treatment) showed the presence of the
ompU gene; 70 samples (48 before and 22 after) were positive for rtx; and 74 samples (52 before
and 22 after) for hlyA. No detection of the zot and ace genes was observed. Of the 73 tested
strains, 47 were evaluated for their antimicrobial resistance profile. Ampicillin showed the
highest resistance (55.32% - 26/47), followed by azithromycin with resistance (40.43% - 19/47).
Other antibiotics such as gentamicin (14/47 - 29.79%), sulfonamide (15/47 - 31.91%), and
doxycycline (7/47 - 14.89%) presented lower resistance rates. All strains were sensitive to
meropenem. Regarding biofilm formation, 36.17% (17/47) of the samples were considered
strong biofilm formers. Overall, the number of samples positive for the genes significantly
decreased after treatment, suggesting a possible efficacy of the treatment in reducing the
presence of virulence genes in the samples. These findings emphasize the importance of
epidemiological surveillance, providing crucial information for infection control and the
management of antimicrobial resistance.