O consumo alimentar residual como ferramenta de seleção para eficiência alimentar em bovinos de corte.
Publicado: 17/02/2025 - 14:32
Última modificação: 17/02/2025 - 14:32
Convidamos a todos para a Defesa da Tese de Doutorado da discente do nosso programa, Mariana Mundim Alves Gomes.
A defesa pública ocorrerá no dia 28/02/2025 às 08h00, por videoconferência. Acesso pelo link:
Será apresentado o trabalho com título: O consumo alimentar residual como ferramenta de seleção para eficiência alimentar em bovinos de corte.
Resumo: A eficiência alimentar na produção de carne bovina é essencial para a sustentabilidade econômica e ambiental do setor, especialmente no Brasil, terceiro maior produtor e segundo maior exportador mundial de carne bovina. O Consumo Alimentar Residual (CAR) é uma métrica robusta para avaliar essa eficiência, pois permite identificar animais que consomem menos alimento sem comprometer o crescimento e a qualidade da carcaça. Dessa forma, a eficiência alimentar, mensurada pelo CAR, é um dos principais fatores de competitividade da pecuária de corte brasileira. No entanto, aprimorar os métodos de mensuração dessa característica para gerar fenótipos de alta qualidade e investigar o CAR como ferramenta de seleção são estratégias fundamentais para aumentar a precisão na identificação de animais mais eficientes. O primeiro artigo desta tese teve como objetivo avaliar a influência do período de teste na medição do ganho médio diário (GMD), utilizado na predição do CAR, com foco na avaliação genética da eficiência alimentar em bovinos Nelore. No segundo artigo, estimaram-se componentes de variância, parâmetros genéticos e tendências genéticas para CAR e ingestão de matéria seca (IMS) em animais da raça Nelore. No primeiro estudo, 27 machos Nelore (média de idade inicial de 18 ± 0,91 meses) foram avaliados na Fazenda Experimental Capim Branco da Universidade Federal de Uberlândia. A média diária de ganho (ADG) foi estimada por regressão linear dos pesos ao longo do período de teste, e o CAR foi calculado como a diferença entre a ingestão observada e a esperada de matéria seca. Foram analisados sete cenários com diferentes durações e frequências de pesagem, comparando a confiabilidade dos rankings dos animais em relação ao cenário padrão (REF). Os resultados indicaram que o cenário de 70 dias, com pesagens a cada 14 dias (cenário E), foi o mais confiável para a avaliação da eficiência alimentar, apresentando uma correlação de 0,95 entre os rankings dos animais. No entanto, o período de teste pode ser reduzido para 56 dias, caso as pesagens sejam realizadas semanalmente. No segundo artigo, foram analisados dados de 7.808 animais avaliados em 142 provas de eficiência alimentar realizadas entre 2011 e 2019, provenientes de fazendas participantes do programa Nelore Brasil, coordenado pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). Os componentes de variância foram estimados pelo método da máxima verossimilhança restrita (REML). As herdabilidades estimadas para CAR e IMS foram 0,22 e 0,28, respectivamente, sugerindo resposta moderada à seleção. A correlação genética entre CAR e IMS foi alta e favorável (0,61), indicando que a seleção para CAR promoverá a redução da ingestão de matéria seca. As tendências genéticas analisadas no período de 2010 a 2019 mostraram um progresso genético lento para CAR, reflexo da baixa intensidade de seleção, com um ganho genético anual de 0,003 kg de IMS/dia. Para IMS, observou-se um aumento considerável no mesmo período, com um ganho genético anual de 0,024 kg/dia.
Palavras- chave: Bovinocultura de corte. Eficiência alimentar. Provas de eficiência.
Abstract:
Feed efficiency in beef production is essential for the sector's economic and environmental sustainability, especially in Brazil, the third-largest producer and the second-largest exporter of beef worldwide. Residual Feed Intake (RFI) is a robust metric for evaluating this efficiency, as it allows the identification of animals that consume less feed without compromising growth and carcass quality. Thus, feed efficiency, measured by RFI, is one of the main factors driving the competitiveness of Brazilian beef cattle production. However, improving measurement methods to generate high-quality phenotypes and investigating RFI as a selection tool are fundamental strategies to enhance the accuracy of identifying more efficient animals. The first article in this thesis aimed to evaluate the influence of the test period on measuring average daily gain (ADG), which is used in RFI prediction, with a focus on the genetic evaluation of feed efficiency in Nellore cattle. The second article estimated variance components, genetic parameters, and genetic trends for RFI and dry matter intake (DMI) in Nellore cattle. In the first study, 27 Nellore bulls (mean initial age of 18 ± 0.91 months) were evaluated at the Capim Branco Experimental Farm of the Federal University of Uberlândia. ADG was estimated using linear regression of body weights over the test period, and RFI was calculated as the difference between observed and expected dry matter intake. Seven scenarios with different test durations and weighing frequencies were analyzed, comparing the reliability of animal rankings to the standard scenario (REF). The results indicated that the 70-day test period with weighings every 14 days (Scenario E) was the most reliable for feed efficiency evaluation, showing a correlation of 0.95 between animal rankings. However, the test period for feed efficiency assessment could be reduced to 56 days if weighings were performed weekly. In the second article, data from 7,808 animals evaluated in 142 feed efficiency tests conducted between 2011 and 2019 were analyzed. These animals came from farms participating in the Nelore Brasil program, coordinated by the National Association of Breeders and Researchers (ANCP). Variance components were estimated using the restricted maximum likelihood (REML) method. The heritabilities estimated for RFI and DMI were 0.22 and 0.28, respectively, suggesting a moderate response to selection. The genetic correlation between RFI and DMI was high and favorable (0.61), indicating that selection for RFI will lead to a reduction in dry matter intake. The genetic trends analyzed from 2010 to 2019 showed slow genetic progress for RFI, reflecting low selection intensity, with an annual genetic gain of 0.003 kg of DMI/day. For DMI, a considerable increase was observed over the same period, with an annual genetic gain of 0.024 kg/day.
Keywords: Beef cattle. Feed efficiency. Feed efficiency trials.